O mestrado me fez dar um tempo de algumas coisas. Um filme me fez retomar...
Qualquer pessoa minimamente dependente das tecnologias irá
parar alguns minutos da vida para refletir depois que assistir Her (Ela em português). Os créditos rodaram e permaneci atônita,
vagueando a mente alguns anos à frente. A triste constatação de enxergar sua
solidão ali, a triste constatação de que, sim, você adquiriria um sistema
operacional que pudesse suprir suas necessidades afetivas. Sistemas operacionais
imortais. Máquinas despertando sentimentos humanos. Imortalidade e perfeição
técnica versus mortais, solitários, imperfeitos. A ficção científica moderna está a um passo da realidade.
Lembrei-me do filme Medianeras e a dificuldade de se
estabelecer relacionamentos humanos, afetivos, sociais, amigáveis numa rotina
cada vez mais fragmentada que nos impulsiona para a produtividade. Estamos
produzindo nossa própria incapacidade de se relacionar em coletivo, involuindo
em nossa própria rotina.
Solidão. Ligamos um filme, acessamos um blog, assistimos um vlog
semanal e nos sentimos amigos das personalidades virtuais. Curtimos páginas e perfis interessantes no facebook. Fotografamos em filtro
sépia nossa pilha de livros, nossa solitária alimentação matinal.
Produzimos nossas felicidade artificiais articulando contatos,
imagens, sons... virtuais.
Tempos atrás tinha a contraditória opinião de que quem tenta
se manter fora do sistema é um covarde pois deveria lutar contra ele, dentro
dele. Hoje reflito se a retomada de hábitos
considerados rústicos não trariam de volta nossa humanidade.
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