quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Praça da República


Entre as copas das árvores um caldeirão social de várias misturas é cozinhado entre sujeitos que se esbarram, se entrelaçam, interagem e também se ignoram.
A monotonia do chão sujo e cinza é quebrada pelo colorido das mini-saias dos transexuais que oferecem seus serviços sexuais a luz do meio dia. 
Numa ponta ou outra, catadores de papelão e moradores de rua, sujeitos de uma realidade desigual, demonstram seus sorrisos acompanhados de seus cães limpinhos, com coleira e ração à vontade. 
Vendedores ambulantes, imigrantes, trabalhadores que aproveitam o horário do almoço para aliviar o cotidiano de caos fumando um cigarro, ora de nicotina, ora de marijuana.
Usuários de crack se arrastam de um canto a outro, pedindo um pão, uma bolacha, brigando entre si.
Um posto policial.
Funcionários da imponente secretaria da Educação, que afronta, oprime e não ouve alunos e professores. Uma verdadeira fortaleza opressora travestida de prédio colonial. 
Nos dias de calor crianças sem pais na faixa dos 10 anos se arriscam nas águas gélidas e fétidas da praça.
Em meio a todo essa caldeirão fervente de indivíduos marginalizados ou apáticos ou sensíveis, uma escola municipal de ensino infantil onde pequenos cidadãos na faixa dos 5 anos transitam, riem e cantam alto, fazendo ecoar a esperança de um mundo novo no coração da praça.
O centro de São Paulo é pesado, é cinza, cheira mau...
Mas é também colorido, vivo, pungente e  tem sido uma das experiências sociais mais interessantes que já vivi.


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