sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

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"Não sei responder. A minha mãe costuma dizer que a água arredonda as pedras como a mulher molda a alma dos homens. Podia ter sido assim comigo. Não foi. Não houve nem amor, nem homem, nem alma. O que sucedeu é que, com o tempo, deixei de ter esperas. E quem deixa de ter esperas é porque já deixou de viver. E é por isso que fujo: tenho medo de ser devorada. Não pela ansiedade que mora dentro de mim. Devorada pelo vazio de não amar. Devorada pelo desejo de não ser amada."
A confissão da Leoa. Mia Couto

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