terça-feira, 5 de agosto de 2014

Her e a lamentável trajetória sentimental humana

O mestrado me fez dar um tempo de algumas coisas. Um filme me fez retomar...
Qualquer pessoa minimamente dependente das tecnologias irá parar alguns minutos da vida para refletir depois que assistir Her (Ela em português).  Os créditos rodaram e permaneci atônita, vagueando a mente alguns anos à frente. A triste constatação de enxergar sua solidão ali, a triste constatação de que, sim, você adquiriria um sistema operacional que pudesse suprir suas necessidades afetivas. Sistemas operacionais imortais. Máquinas despertando sentimentos humanos. Imortalidade e perfeição técnica versus mortais, solitários, imperfeitos. A ficção científica moderna está a um passo da realidade.
Lembrei-me do filme Medianeras e a dificuldade de se estabelecer relacionamentos humanos, afetivos, sociais, amigáveis numa rotina cada vez mais fragmentada que nos impulsiona para a produtividade. Estamos produzindo nossa própria incapacidade de se relacionar em coletivo, involuindo em nossa própria rotina.
Solidão. Ligamos um filme, acessamos um blog, assistimos um vlog semanal e nos sentimos amigos das personalidades virtuais. Curtimos páginas e perfis interessantes no facebook. Fotografamos em filtro sépia nossa pilha de livros, nossa solitária alimentação matinal. 
Produzimos nossas felicidade artificiais articulando contatos, imagens, sons... virtuais.
Tempos atrás tinha a contraditória opinião de que quem tenta se manter fora do sistema é um covarde pois deveria lutar contra ele, dentro dele. Hoje reflito se a retomada de  hábitos considerados rústicos não trariam de volta nossa humanidade.

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