A Fernanda, uma fofa, escreveu assim:
"sonhos de um horário de verão
Quando eu era criança e não sabia ver as horas, sabia que chegou o verão porque a gente queria brincar mais na rua e a mãe não deixava. "mas ainda tá claro" não era mais argumento infalível pra manter o acampamento no terreno do lado de casa. o banho ainda era de dia e a vizinhança de banho tomado botava cadeira na calçada antes da novela. às vezes dava pra voltar e brincar mais, mas sem se sujar. tinha muitas aleluias nas lâmpadas do quintal e da cozinha, se não prestasse a atenção entrava no prato e misturava na comida. tinha besouros em toda parte e como o a bia e o má tinham alergia, não podia esquecer de botar tela nas janelas pra não entrar abelha em casa. na janta tinha macarrão parafuso com atum e ervilha e suco de maracujá bem gelado e docinho dia sim, dia não. não era mais época de pipa, mas em compensação o esconde-esconde ficava mais legal que nunca. podia lavar o cabelo todo dia e também o rider, porque o pé suava muito e ele ficava todo marrom. a shera cyrineo pereira, nossa cachorra pastor, começava a perder tufos do pelo amarelo que entravam na piscina de plástico permanentemente armada no quintal da frente."
Era assim também lá na rua Otávio Cerqueira da Vila São João não é Rosana? com a diferença que o meu pastor se chamava Jimbo.
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