domingo, 19 de agosto de 2012

Mais uma fratura exposta do Don´t touch my moleskine

"Antônio não é babaca, por Raphaela Ramos
Já tava farta de gente vazia, vulgar demais, banal demais. Mas Antônio não é babaca. Ele é denso, frágil, meio gordo, que não usa meia que cobre a canela.
Tinha babacas no pátio, no ponto, na porta. Eu era um tanto babaca antes do Antônio chegar.
Mas Antônio chegou, arrastando pelos pés uma bola de ferro e melancolia com cheiro de whisky pelo pátio, pelo ponto, pela porta (e me fez colecionar os silêncios etílicos que lançava de costas pra mim).
Antônio veio pra me tocar os dedos, fazer ler Foucault, Kundera, ouvir The Doors. Ele chegou pra contar que eu não tô sozinha no meu mundo onírico –e contou com um tom reservado de quem se cicatriza, inocente de quem ainda acredita no amor e fraco de quem não quer viver na defensiva.
Antônio é de feltro por dentro, mas os babacas não sabem. Ele morde o canto interno do lábio inferior do jeito mais bonito do universo, tem as unhas roídas de muitas esperas. Fala comigo com o tato de um Wolverine recatado, me toca o queixo pra eu nunca mais esquecer.
Meu amor por Antônio vive de esmolas (ostentar é coisa da paixão). Antônio não é meu e nem será, mas o perdoo –porque Antônio não é babaca."
Essa vai para o meu "Antônio".

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