sábado, 12 de novembro de 2011

Como a internet pode estragar belas histórias



Sou apaixonada pelo duo de filmes Antes do Amanhecer e Antes do pôr-do- sol. Para quem não sabe, foram produzidos com um intervalo de 9 anos, onde no primeiro ( de 1995) o casal se encontra por acaso numa cidade da Europa como passageiros e vão embora sem trocar telefones e endereços, marcando apenas um encontro para uma data breve. O encontro foi impossibilitado e só descobrimos no segundo filme, realizado em 2004. Em 2004 as redes sociais apontavam como novidade mas não eram de uso generalizado. Vendo este filme pela centésima vez,  questionei se uma história tão linda como esta seria possível nos dias de hoje. Não. Por mais que não trocassem telefones, endereços ou emails o seu simples nome e Cidade já podem denunciar no google algum rastro online que você tenha deixado por aí. Com isso, a descoberta de um perfil, de um blog, de um flickr, um twitter já diria muito do que a pessoa quer mostrar tirando toda a aura de entrega e descoberta a um desconhecido, que gera uma doce expectativa de surpresa. Nem vou me alongar a estes detalhes. Celine e Jesse não seriam Celine e Jesse hoje... claro que essas paixões distanciadas pelo tempo e espaço ainda existem. Mas a noção de tempo e espaço mudou. Só tive vontade de escrever sobre isso por conta da evidência de que a produção material na contemporaneidade muda, influencia, transforma, para o bem ou para o mal, nossas relações mais íntimas e pessoais.
Antes do pôr do sol hoje passa no canal Boomerang, destinado a adolescentes. Na minha adolescência poucas pessoas conheciam estes filmes. Será que ele virou um filme cult justamente porque mostra uma relação apaixonante e ideal que ficou no tempo e no espaço do passado? Aquela falsa ideia de que no passado era mais bonito? E talvez nesse caso fosse mesmo...


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