segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O problema dos livros em Itapetininga


Depender de livros em Itapetininga é algo complicado. Este mês, mais uma vez, saí frustrada da Biblioteca Municipal. Levando em conta que comprar livros no Brasil é difícil já que o preço é alto e ainda que o único Sebo existente na cidade fechou, deveríamos encontrar um consolo nas bibliotecas públicas.
Como professora, chego à biblioteca com a intenção de conseguir o empréstimo de um livro do filósofo David Hume, a fim de utilizar em sala de aula com os meus alunos de Ensino Médio para que os mesmos não tenham contato apenas com os conteúdos mastigados dos livros didádicos.
“Moça, eu queria um livro do filósofo David Hume com H”. Ela procurou, procurou, procurou....na parte que provavelmente seria destinada à Filosofia. E nada!
Quais os motivos da minha indignação? Já posso começar falando que o problema não é nem a falta de livros, pois o que eu procurava é da série Os pensadores, extremamente popular e que eu avistei nas prateleiras, mas o que eu precisava especificamente devia estar perdido por lá e não foi encontrado pela minha atendente. Listo então minhas indignações:
Primeiro, não podemos ter acesso aos livros, não podemos pesquisar, pegar nos livros, olhar os livros. Toda pesquisa passa pela barreira de um balcão de concreto e de funcionários que às vezes não compreendem o que estamos querendo pesquisar. Apenas os livros de literatura ficam à disposição dos usuários, mas e os livros dos grandes filósofos, sociólogos, geógrafos, matemáticos, etc.??? Devemos então incentivar nossos jovens que façam suas pesquisas escolares na Wikipedia? Com aquele conteúdo raso e superficial? Porque na estrutura em que esta biblioteca se encontra, parece ser esse o incentivo. Eu mesma saí de lá no intuito de achar algum arquivo .pdf do Hume na internet, caindo nas piratarias online, já que a busca física está difícil.
Segundo fator de indignação: em nenhum momento que a moça me antendeu ela consultou um catálogo! Como uma biblioteca não tem catalogação??? Não tem informatização do acervo e todos os empréstimos e devoluções são feitos em fichinhas manuais, guardadas naqueles gaveteiros de ferro e que depois de um tempo são jogadas fora e novamente você tem que levar lá a sua fotinha 3x4 e comprovante de residência.
Terceiro fator de indignação: Eu vi pilhas e pilhas e pilhas de livros jogados em um canto como se fossem lixos. E não é recente já que da última vez que estive lá ( e isso meses atrás) já tinha reparado nesse tipo de coisa. Qual a finalidade daqueles livros? Porque estavam “guardados” daquela maneira?
Quarto fator de indignação: Um livro de “teoria” só pode ficar com o usuários por 3 dias! O de literatura uma semana. Quem lê um livro de teoria em 3 dias? No mínimo uma semana né colegas? Vocês tem nossos endereços, telefones, etc.
Enfim... eu ia falar do antendimento, mas prefiro não tocar neste assunto já que os funcionários ali não tem culpa da má administração e falta de recursos que aquele lugar pode ter (não ter).
Fico a refletir se o gasto com a retirada das árvores na avenida doutor lobato não compraria um computador e um sistema informatizado para o local. Um sistema de segurança também resolveria o problema do “medo” que os funcionários tem de que os livros não voltem, vide os prazos curtos de entrega. Fico me perguntando se empregar uma pessoa formada em biblioteconomia ou arquivologia sairia tão caro. Apenas uma pessoa com esse tipo de formação já daria conta da demanda da cidade. Temos esses cursos nas melhores universidades do país, formando jovens todos os anos ávidos por um emprego assim. Falo isso por ter convivido com pessoas desses cursos na Universidades Estadual Paulista em Marília, onde me formei e saber que existem pessoas qualificadas para isso querendo trabalhar.
Enfim, este é o desabafo de uma professora em começo de carreira mas que por vezes já precisou depender da biblioteca municipal e ficou na mão. Esta é apenas uma tentativa de ver se mais alguém se incomoda com o fato de existir um espaço que poderia ser usado para incentivo à cultura e conhecimento mas que parece ter parado no tempo.
Olha meus queridos, eu até gosto do clima bucólico de Itapetininga mas muitas tecnologias e informatizações foram inventadas e planejadas para facilitar a vida humana e o acesso das pessoas.
Quem vive de passado é museu, e não biblioteca.

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