sexta-feira, 22 de julho de 2011

Amor, por Clarice (ou sem a vírgula também)

Os teatros do Sesi distribuídos pelo interior do Estado de São Paulo são verdadeiros presentes dos deuses. Não importa a reação que cause, seja na criança, na senhora, no adolescente que ouve Justin Bieber, mas que alguma reação cause!
É sempre um prazer me dirigir até lá e sentar na primeira fileira da plateia para poder sentir o cheiro do palco. A última peça arrebatadora foi Louise Valentina, com a maravilhosa Simone Spoladore, que conta a história da atriz americana dos anos 20, Louise Brooks e de Valentina, história em quadrinhos italiana dos anos 60 que foi inspirada na personagem Lulu, vivida por Louise no filme a “Caixa de Pandora”, de 1929. Quase não tenho palavras para descrever esta peça.
Hoje foi Ana-me, inspirada livremente no conto Amor da fantástica Clarice Lispector. O conto é daquele velho livrinho Laços de família que me lembro de ter lido na adolescência, mal sabendo o quão profundo aquilo poderia ser.
Encenada pelo teatro das Senhoritas, pude dar boas risadas da situação tragicômica exposta ali. Situação das Marias dessa vida que ficam no limiar da liberdade e da proteção. Resolvi inaugurar a tag "marias".
Retomei então o conto: http://www.releituras.com/clispector_amor.asp

"Não havia como fugir. Os dias que ela forjara haviam-se rompido na crosta e a água escapava. Estava diante da ostra. E não havia como não olhá-la. De que tinha vergonha? É que já não era mais piedade, não era só piedade: seu coração se enchera com a pior vontade de viver."

Vontade de reler Clarice por horas a fio.

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